BIA-ALCL - Linfoma associado a prótese mamária
Linfoma associado à protese mamária, orientações sobre o encaminhamento do material para análise e diagnóstico
Por: Dra. Juliana Elizabeth Jung, PhD - CRM 19955 - Médica Dermatopatologista e Dra. Melyssa Grignet Ribeiro, CRM 33090, RQE 24225 - Médica Patologista coordenadora do Núcleo de Patologia Mamária do Laboratório Citolab.
O linfoma associado a prótese mamária - BIA-ALCL ou linfoma anaplásico de grandes células (ALCL) associado ao implante mamário (BIA), é uma neoplasia incomum do sistema imunológico.
É um linfoma de células T que pode se desenvolver ao redor de implantes mamários. Leva em média 9 anos para ocorrer após a colocação do implante e dados indicam que as texturas de prótese graus 3 e 4 estão mais relacionadas a esta doença.
O seu diagnóstico precoce leva à cura com cirurgia apenas; o tratamento consiste em retirada do implante e retirada total da cápsula bilateralmente.
O sintoma mais comum é o seroma em 60-90% dos pacientes, caracterizado por aumento súbito de volume mamário sem história recente de trauma.
Seromas antes de 1 ano após implante não são parte do espectro, assim como nem todos os seromas são BIA-ALCL.
O sintoma inicial pode ser uma massa, embora seja menos frequente. Existem relatos de linfadenopatia e rash cutâneo.
O que fazer na suspeita de BIA-ALCL:
Na suspeita de BIA-ALCL deve-se coletar material para Anatomia Patológica e para Imunofenotipagem por Citometria de Fluxo através de coleta do líquido por punção guiada por ecografia ou biópsia da massa.
Um volume maior de líquido coletado produz um diagnóstico mais preciso, mas um mínimo de 5 a 10 ml é apropriado para fornecer material suficiente para a preparação de esfregaços citopatológicos.
O NCCN (National Comprehensive Cancer Network) inclui em seus guidelines o envio da amostra para as duas análises, porém sabemos que muitas localidades no Brasil não contam com laboratórios de citometria de fluxo.
Na impossibilidade de encaminhar a amostra em tempo hábil para citometria de fluxo (menos de 12 horas), o diagnóstico deve se basear na Citologia Oncótica e Imunocitoquímica com pesquisa de CD30 e ALK . BIA-ALCL é obrigatoriamente CD30 positivo e ALK negativo.
IMPORTANTE: Estes testes devem ser realizados antes de qualquer intervenção cirúrgica para não prejudicar o estadiamento.
O que fazer na confirmação do diagnóstico:
Uma vez confirmado o BIA-ALCL no líquido a paciente deve ser encaminhada para um oncologista clínico para realização de PET-CT e estadiamento antes da cirurgia.
A cirurgia é baseada na remoção dos implantes e capsulectomia total bilateral.
Lembrar que retirada incompleta da cápsula está associada a recidiva e diminuição da sobrevida.
Toda a cápsula e o líquido deve ser novamente encaminhados para análise seguindo FLUXOGRAMA descrito a seguir, mas agora para estadiamento da doença.
A cápsula retirada deve ser submersa em formalina tamponada a 10% para sua fixação e envio ao laboratório de patologia.
A padronização do processo de diagnóstico ajuda a identificar precocemente as mulheres que precisam de tratamento, melhorando seu prognóstico e sobrevida.