A IMUNO-HISTOQUÍMICA NO MELANOMA
Como a imuno-histoquímica pode auxiliar no diagnóstico do melanoma cutâneo?
Por: Dra. Juliana Elizabeth Jung, PhD - CRM 19955 - Médica Dermatopatologista do Citolab Laboratório, autora do livro: Roteiro Ilustrado de Dermatopatologia - Editora DiLivros
O melanoma cutâneo pode demonstrar uma ampla gama de características morfológicas e pode ser confundido com outras neoplasias (sarcomas, carcinomas de células escamosas, doença de Paget e linfomas), por isso é ele conhecido como o “grande simulador.
O diagnóstico de melanoma pode ser ainda mais complicado uma vez que um subconjunto de lesões melanocíticas ambíguas pode demonstrar características de sobreposição entre melanoma e nevos (em particular nevos de Spitz).
Estas características tornam o diagnóstico histológico de melanoma um desafio, mesmo para os mais experientes dermatopatologistas.
Em conjunto com os achados clínicos e dermatoscópicos, o estudo imuno-histoquímico pode auxiliar o patologista nos casos mais difíceis, fornecendo dados adicionais para melhor interpretação diagnóstica.
Existem diversos marcadores melanocíticos, porém os mais comumente usados na nossa prática diária são:
- S100
- Melan - A
- HMB - 45
- SOX10
O uso da imuno-histoquímica pode contribuir com a confirmação da linhagem melanocítica; possibilitando a melhor visualização dos melanócitos e em alguns casos nos auxiliando a determinar se a neoplasia em estudo é maligna ou benigna.
- A confirmação da linhagem melanocítica é necessária, por exemplo, em casos de um tumor dérmico ulcerado, pouco diferenciado, sem pigmento melânico e sem evidências de proliferação melanocítica juncional, cujo diagnóstico histológico diferencial inclui carcinomas, sarcomas, linfomas ou até mesmo Carcinoma de células de Merkel.
Outra situação onde a imuno-histoquímica é fundamental é no diagnóstico de Melanoma Desmoplásico, que histologicamente pode ser confundido com outras neoplasias fusocelulares mesenquimais cutâneas ou até mesmo fibrose cicatricial. E, por fim, em caso de metástase de neoplasias indiferenciadas.
- A melhor visualização dos melanócitos por imuno-histoquímica nos permite perceber a distribuição assimétrica dos melanócitos e pode nos auxiliar na avaliação de margens cirúrgicas laterais, principalmente em melanomas in situ, com distribuição lentiginosa; observar a ascensão de melanócitos acima da camada basal, que é um dos critérios para o diagnóstico de melanoma; evidenciar a invasão linfovascular e avaliar a presença de micrometástase do linfonodo sentinela.
- A confirmação se a lesão é maligna ou benigna é um dos maiores desafios da dermatopatologia, e em resumo são cacaterísticas significantes do melanoma, além da histologia atípica:
- Perda completa da marcação do HMB-45 ou marcação heteróloga.
- Perda completa da marcação do p16 ou marcação heteróloga.
- Proliferação celular aumentada: avaliada a través do índice proliferativo - ki-67
- Presença de mitoses na derme profunda, avaliadas através da Fosfohistona H3 (PHH3).
A imuno-histoquímica é uma ferramenta poderosa que auxilia o diagnóstico histológico em inúmeras situações e que depende da cuidadosa escolha de anticorpos adaptados a uma determinada situação, feita pelo médico patologista.